quarta-feira, 18 de maio de 2011

metáforas


Hoje é um daqueles dias sem cara, sem hora, sem rumo. Já matei meu leão. Consegui sair da cama e pôr a fuça direto no ar gelado do mundo e falar com as pessoas mesmo quando o desejo era ser invisível. Mas confesso que voltei direto para o meu mundo, na primeira oportunidade. De volta para a cama, de volta para a noite, de volta para a solidão do meu ninho... tão acolhedor quanto triste, e talvez por isso tão meu. E sei que aqui falta alguma metáfora para falar bonito. Queria poder dizer que sou como alguma planta rara, algum bixo charmoso, algum poema romântico; mas talvez eu simplesmente não seja tão exótica ou refinada assim. 'Ela é tão humana...'. É, caiu bem. Mas o foda nisso é que nem conheço outros humanos, assim como eu, para poder formar jardim, bando ou livro. Talvez eu tenha nascido com algum erro de fabricação ainda não detectado. Talvez tenha um sangue contaminado por arte, um coração maior que o normal, uma pele pequena para o próprio corpo, um cérebro que funciona nas horas erradas; ou talvez eu não seja tão exótica ou refinada para isso também. Ou, novamente talvez, eu simplesmente ainda não saiba o que fazer comigo mesma.


Cristina Menezes

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