segunda-feira, 6 de setembro de 2010

banho


Constante sensação de toalha caída, de nudez gostosa, de passos em direção ao chuveiro. Tudo que antes me rodeava ou encobria sumiu rápido, não tanto quanto se me arrancassem, mas nem tão lentamente que impedisse o choque do vento na pele quente. E aquele calor se foi, ardência tamanha, e com ele aquela sede, ansiedade, insegurança... ou, nem toda a insegurança, já que ainda resta desconhecido: na água, primeiro a mão, depois o corpo, assim já não me machuco tanto. E a liberdade. Ah! A liberdade das primeiras gotas de água deslizando pelo corpo. Sensação de bem-estar solitário, que tão pouco posso sentir durante os minutos apressados do dia. Sensualidade, independência, amor próprio, segurança... maturidade. Uma nova versão de mim, com tantas novas possibilidades, repleta de paz, acostumada a um novo tipo de calor, uma intesidade gostosa, pronta para se reenvolver. Nova toalha. Espelhos que me sorriem nova mulher, de esperanças lavadas.


Cristina Menezes