sexta-feira, 20 de março de 2009

não me desampare, ou eu desespero ♪

Ando tão à flor da pele,
Que qualquer beijo de novela me faz chorar,
Ando tão à flor da pele,
Que teu olhar flor na janela me faz morrer,
Ando tão à flor da pele,
Que meu desejo se confunde com a vontade de não ser,
Ando tão à flor da pele
Que a minha pele tem o fogo do juízo final.
Às vezes me preservo noutras suicido.
Oh sim eu estou tão cansado,
Mas não pra dizer,
Que não acredito mais em você

O mundo é azul lá de cima
O mundo é vermelho na China
O mundo tá muito gripado
O açúcar é doce, o sal é salgado
O mundo caquinho de vidro
Tá cego do olho, tá surdo do ouvido
O mundo tá muito doente
O homem que mata, o homem que mente
Porque você me trata mal
Se eu te trato bem
Porque você me faz o mal
Se eu só te faço o bem
Todos somos filhos de Deus

Só não falamos a mesma língua

Outras palavras...

já reparaste como o mundo
parece feito de pontas e arestas?
já chamei tua atenção para a escassez
de contornos mansos nas coisas?
tudo é duro e fere

Caio Fernando Abreu

segunda-feira, 16 de março de 2009

era uma vez



Descobri que príncipes encantados existem. São difíceis de encontrar e nem sempre são quem nós pensávamos ou idealizávamos que fossem, mas com o tempo se mostram melhores que qualquer expectativa nossa. Os príncipes nem sempre podem resolver todos os problemas que aparecerem em nossas vidas, no entanto, sempre tentam e fazem o máximo para nos ver esboçar um sorriso. Aprendi que eles não vêm em cavalos brancos nem tem espadas, mas nos fazem sentir em um conto de fadas.

Falando neles, hoje sei que contos de fadas não existem. Mundo perfeito não existe, pessoas sem defeitos também não. Da mesma forma como Papai Noel e Coelhinho da Páscoa não existem. Porém, quando acreditávamos que existiam, e principalmente quando havia alguém que nos incentivava a imaginá-los e a acreditar, eles existiam de forma tão intensa que víamos os sinais, e ninguém seria capaz de nos fazer desacreditar. Iguais são os contos de fadas, pois é necessário acreditar que tudo pode melhorar para que possamos enxergar qualquer tipo de progresso, e sempre há alguém capaz de nos incentivar a acreditar, nos dando força ou esperança.

Hoje enxerguei que mesmo encontrando um príncipe e vivendo um conto de fadas, com um belo castelo - em forma de aconchegante casa, segurança, família, bichinhos, música, risadas e amigos -, nem sempre me sinto uma princesa. Claro, ora ou outra tenho meu dia de rainha: pego a primeira roupa do armário, calço um salto alto, passo um batom vermelho, ponho brincos brilhantes; saio como se o ar da rua me reverenciasse e todos que me vissem sorrissem à realeza. Noutros, mal consigo caber dentro de mim mesma de tantos sentimentos atropelados, cansaço, unhas sem fazer ou sobrancelha por tirar, roupa nenhuma serve, sapato machuca o pé. De resto, me permito ser princesa, porque nenhum tipo de excesso é realmente bom para o amor-próprio.

Vi que em alguns dias o príncipe pode não estar cheirando a colônia francesa e sim a suor, que ele pode não bater à porta pontualmente um minuto antes da hora do encontro, mas com certeza irá e trará um abraço forte, e, acima de qualquer atitude fora do padrão do seu príncipe, ele no fim do dia deve sempre te encher de beijos e aconchegá-la em seu peito - se não o fizer por cansaço, perdoe-o, mas ele com certeza o fará pela manhã ou não é seu príncipe ainda. Vi que em certos dias os contos de fadas se quebram na nossa cara, e nessa hora é preciso buscar quem lhe traga o acolhimento necessário para reconstruir seus sonhos, mesmo que essa pessoa seja você mesma. Alguns dias, o castelo está em desordem total, mas é preciso paciência, com uma boa faxina nos móveis e nos moradores, ele volta e tremular as bandeiras. E que em muitos dias, é necessário se permitir, mais do que qualquer coisa, se permitir rir ou chorar.

Aprendi, então, que todos esses desafios é que fazem da vida um livro a ser escrito página por página, e que ser feliz é enxergar felicidade na totalidade, não procurar problemas ou argumentos para a tristeza nos pequenos "mas" ou "poréns". E vivi feliz para sempre.



Cristina Menezes