sábado, 16 de abril de 2011

giros


Às vezes sinto enjôo de mim. Penso e repenso as mesmas atitudes nunca tomadas tantas vezes e por tanto tempo que pareço nunca ser capaz de me desfazer da dúvida, da incerteza, da insegurança, do medo. Essa covardia é que me enjoa. Essa sensação de estar sempre girando, vendo passar rápidas pelos meus olhos sempre as mesmas lembranças: mãos firmes, maxilar, nuca, costas, coxas, braços, peito, boca, língua, mãos, cintura, pernas, pescoço, peito, língua, pulsos, peso, suor, tremor, calor, carinho, boca, mãos, cabelo, peito, riso, braços, voz... pele. E aí, o medo que todas elas me dão, de nunca recuperar o passado, de nunca recuperar o futuro. Isso me embrulha o estômago. Me assusta. Sinto-me uma criança pequena, apavorada, em um gira-gira rápido de mais. Eu pulo: quebro, me ralo toda. Eu fico: não posso mais olhar, sentir, viver este giro por nem mais um segundo. Preciso de chão. Preciso de estável, de firme, de sólido. Depois da primeira ou segunda voltas, estas sensações ficaram demais tênues. Agora, faz tempo, juro que já não posso mais. Mas e se eu pular, alguém peloamordedeus me segura?!


Cristina Menezes