sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

natal


Ausência de ares de festa. Neste ano não sei o que é, pra que é, por que é, só deixo passar. Com tudo tem sido assim, nesse ano. Digo, o próprio ano foi assim. Tão cheia de nada, tão vazia de tudo. O tudo que dói, mas não machuca. O tudo que já não sangra, mas ainda incomoda. A ausência escandalosa de uma cadeira à mesa, de um abraço grande e acolhedor de homem: nem o do beijo na testa para dormir, nem o do beijo na boca para tirar o sono. Ausência de vida pulsante. Completude de neutralidade. Sem sorriso, sem lágrima. Nem felicidade, nem tristeza. Sem pensamentos, sem palavras. Só a ausência. Seca. Crua. Nua. Dura. Lâmina que me corta em silêncio. Cá estou. Consentindo. Aceitando. Agradecendo. Quase como se já não importasse. Mas importa. Já passa da hora.

Cristina Menezes

Nenhum comentário: