domingo, 31 de outubro de 2010

faltava


Olhou a nudez no espelho.
Sentia, não via, seduzia-se
Como dançasse por dentro.
Encontrou curvas, mas faltava.

Então dançou serpente.
Sorria, não ria, conquistava-se
Como corresse por dentro.
Encontrou ritmo, mas faltava.

Então correu sem destino.
Queria, não temia, conhecia-se
Como namorasse por dentro.
Encontrou tempo, mas faltava.

Então namorou sozinha.
Tremia, não gemia, abandonava-se
Como realizasse por dentro.
Encontrou prazer, mas faltava.

Então realizou o sonho.
Tivera, não desejara, possuia-se
Como existisse por dentro.
Encontrou vazio, mas já não faltava.

Então existiu de verdade.

Cristina Menezes

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